Sobre meninos, lobos e a vida Acadêmica

Fluido, efêmero, mutante, desconexo, harmônico… Híbrido. São algumas constatações básicas a serem feitas quando pensamos no formato videoclipe. Um formato audiovisual que faz parte da construção da imagem do mundo pop e é uma das principais peças para se formatar, aquilo que Andrew Goodwin chama de “Semblante Midiático”, e servindo como uma embalagem do artista.

Aguçado em estudar algo que me trouxesse prazer e ao mesmo tempo relevância para a vida acadêmica, escolhemos como objeto de estudo o Videoclipe para ser o tema central de nossa iniciação cientifica.  Analisamos o videoclipe como ferramenta audiovisual e suas transformações, desde sua origem até os dias atuais e fez-se necessário uma análise abrangente, levando-se em consideração, não só canção e artista, mas o formato estético, as práticas de consumo, os meios tecnológicos, o circuito midiático e a indústria fonográfica. Isso, sem esquecer o caráter comunicacional.

Nosso singelo projeto de pesquisa começou a sair do papel em agosto de 2008, entre muitas dúvidas e dificuldades, como colocar a indústria fonográfica e a cultura pop dentro do nosso tema sem fugir do que queríamos, ainda sobre orientação da professora Carolina Marinho. Sentamos algumas vezes com o nosso possível orientador, mas sem muitas esperanças de que ele iria trabalhar conosco, afinal não tinha ali alguém que dominaria o assunto com tanta destreza. E foi assim, Eduardo de Jesus nosso orientador, e não poderia ser melhor… Professor, orientador e ídolo!

Desde o início queríamos fazer um experimento a partir das constatações que faríamos, mas o trabalho árduo, a falta de tempo e a incompatibilidade técnica que o tornara cada vez mais distante. Inúmeras ideias fracassadas e o medo de fazer algo que não desse certo, mas como o Edu sempre disse, vale mais a ideia do que a forma de sua concepção.

Depois das mirabolantes ideias do já mirabolante Othon de Saboia, fizemos algo de construção simples, mas que respondessem as ponderações de nossa pesquisa. E buscar uma representação prática que estivesse em contato com as ideias de função pós-massiva do videoclipe. Depois de muitos conceitos acerca da cibercultura e a interatividade da comunicação em rede, de ler muito Pierre Levy, André Lemos e Alex Primo, etc., produzimos algo que pretende apontar os novos caminhos que o audiovisual pode desbravar no universo da internet.

Foi então que o grupo de pesquisa [Alexandra, Bernardo, Eric (que vos escrevo), Felipe (co-editor deste blog), Othon e Vinícius] propôs criar um videoclipe utilizando imagens do YouTube e introduzindo ao vídeo características da utilização de samplers. Ou seja, o nosso videoclipe reutiliza imagens de diversos vídeos postados no YouTube, criando um mosaico de cenas recriadas com o propósito de instituir o “Semblante Midiático” do artista. Criamos esse semblante com imagens apropriadas, mas deslocadas de seus conceitos iniciais, trazendo para o nosso produto audiovisual uma característica própria.

O vídeo pode ser montado a partir de outros vídeos, sendo reconstruído da forma que convir aos (re)criadores. As possibilidades são infinitas (devido ao enorme acervo de vídeos disponíveis na internet), utilizando da ideia de Levy sobre o Tecno, e a era do “cut and paste“. “No tecno, cada autor do coletivo de criação extraí matéria sonora de um fluxo em circulação em uma vasta rede tecno-social. Essa matéria é misturada, arranjada, transformada, depois reinjetada na forma de uma peça “original” no fluxo de música digital em circulação.” (LEVY, 1999, p.141).

O videoclipe está dividido em diferentes vídeos que compõem uma playlist, que pode ser organizada na ordem desejada pelo usuário. Depois de organizar o playlist, o videoclipe poderá ser assistido na integra, com os diferentes fragmentos conectados, dando corpo a uma peça única. Além de decidir a ordem das imagens, ao montar esse playlist a música também sofrerá alterações de ordem, o que aumenta ainda mais a percepção da interatividade no nosso experimento.

Confira o experimento:

Canal da banda TRANSGLOBi: www.youtube.com/transglobi1

Videoclipe completo:

Gostou da ideia!? Venha nós prestigiar.

A banca de qualificação desta pesquisa vai ser realizada no dia 02/12 às 19h, no auditório da biblioteca da PUC Minas – São Gabriel.

1 Responses to Sobre meninos, lobos e a vida Acadêmica

  1. feliperene disse:

    Como assim “colaborador desse blog”? Desde o começo estava definido que eu seria o editor-chefe!
    Rá!

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